
O que é economia prateada? A economia prateada – o termo refere-se ao grisalho dos cabelos dos idosos – é definida da seguinte maneira pela União Europeia: “Economia prateada é a parte da economia que é relevante para as necessidades e demandas dos idosos.”
Também conhecida como economia da longevidade, ela é a soma de todas as atividades econômicas que atendem as necessidades de pessoas com 50 anos ou mais, incluindo os produtos e serviços adquiridos por eles e a consequente atividade econômica que esses gastos geram.
E qual é o status atual da economia prateada? Um artigo publicado pela Georgetown Business Magazine, da Universidade Georgetown (EUA), estima que o mercado prateado mundial movimenta aproximadamente 15 trilhões de dólares a cada ano (estimativa referente a 2020). Até 2030, a expectativa é de que haja 1 bilhão de idosos no planeta. No Brasil, esse mercado atinge 54 milhões de pessoas, de acordo com dados do Instituto Locomotiva.
Esse movimento global acompanha o aumento da longevidade média da população do planeta e está em alinhamento com o que a Assembleia Geral das Nações Unidas estabeleceu como a Década do Envelhecimento Saudável, entre 2021 e 2030.
A respeito dessa tendência, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou: “Apenas trabalhando unidos, dentro do sistema das Nações Unidas e com governos, sociedade civil e setor privado, que poderemos não apenas adicionar anos à vida, mas também (melhorar a qualidade de) vida a estes anos.”
Canal recomendado: Human SA - Educação Executiva - LONGEVIDADE NA CARREIRA | ECONOMIA PRATEADA | HUMAN TALKS | MARIA LEONOR DELMAS | HUMAN SA - Bem-vindo(a) a mais um episódio do Human Talks, o podcast da Human SA onde os maiores especialistas em habilidades humanas, felicidade, bem-estar no trabalhos se reúnem para ajudar você na sua jornada profissional e pessoal. Neste episódio, Rodrigo Lang, CEO da Human SA, tem o prazer de conversar com Maria Leonor Delmas, Sócia fundadora da PHOENIX Treinamento e desenvolvimento humano, Pós-doutorada em Gestão de Pessoas e Psicologia Positiva Université Libre des Sciences de Lhomme de Paris, Doutora em Psicologia Organizacional, Mestre em Educação, Psicopedagoga, Assistente Social, Pedagoga e Psicóloga. Maria Leonor é professora da Human SA com ampla experiência em desenvolvimento humano, liderança e educação. Lang e Leonor conversaram sobre os desafios na conciliação de diferentes gerações hoje no mercado de trabalho e como as empresas podem construir líderes geracionais positivos. Essa é mais uma conversa essencial para quem busca se diferenciar no mercado de trabalho. Não esqueça de se inscrever no canal e compartilhar este episódio com alguém que precisa ouvir esse conteúdo.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reuniu especialistas internacionais – economistas, cientistas sociais, pesquisadores, definidores de políticas públicas, associações profissionais, representantes do setor privado, entre outros –, para discutir oportunidades da economia prateada como respostas ao envelhecimento da população evento organizado em parceria com a Coalizão Global sobre o Envelhecimento (GCOA).
O grupo de trabalho apontou cinco tópicos cruciais para que a economia prateada se fortaleça e gere benefícios a uma população cada vez mais numerosa:
Reformas políticas são necessárias para lidar com as mudanças demográficas do século 21. E seu sucesso se baseia em grande parte na correção de preconceitos sobre o envelhecimento e no combate às desigualdades na expectativa de vida saudável;
Soluções tecnológicas capacitam os idosos para construir novos mercados. Isso fornece novos produtos e serviços, apoia novas práticas de trabalho e cria comunidades conectadas que respondem às necessidades deles;
Modalidades de financiamento inovadores são necessárias para impulsionar o mercado prateado. Incentivar investimentos pode impulsionar a inovação e o crescimento do mercado em coordenação com a filantropia e o financiamento público; Modelos novos e flexíveis para carreiras e pensões podem encorajar as pessoas a trabalhar mais tempo e planejar melhor o futuro. Se combinadas com a requalificação ao longo da vida e a adoção de práticas de trabalho inteligentes, essas mudanças na força de trabalho podem levar a uma maior produtividade no trabalho, mais empregos e crescimento econômico;
O empreendedorismo social é fundamental para impulsionar a economia prateada, e as políticas públicas devem construir estruturas propícias para ajudar esses esforços a florescer.
A OCDE recomenda que todos esses pontos sejam apoiados por uma educação informal e formal. Essa formação promove o poder inovador da população idosa, além de preparar a próxima geração para as profundas mudanças decorrentes do rápido envelhecimento da população.
Economia Prateada: um mercado que movimenta trilhões: No país do culto à juventude, envelhecer bem é não parecer velho. Marcas perdem oportunidade de negócios ao reproduzir estereótipos de idade
Até 2050 o Brasil será o sexto país com a maior população com mais de 60 anos do mundo. O dado não é exatamente novo, mas espanta sempre que volta à tona, e certamente não está sendo discutido com a relevância que tem. Temos estrutura para isso? Onde essas pessoas vão morar? Vão poder se aposentar? Com o quê irão trabalhar? Temos alimentos saudáveis para todos? Haverá serviços ao alcance de todos? Os tão cultuados e debatidos millennials e a geração Z irão envelhecer e, ao que tudo indica, continuarão agitados, movimentando muito dinheiro. Mas antes disso, bem antes, hoje, a Economia Prateada já mobiliza grandes mudanças.
A assim denominada Economia Prateada é considerada a terceira maior atividade econômica do mundo, movimentando 7,1 trilhões de dólares anualmente, dados que revelam grande oportunidade de negócios.
No Brasil, a Economia Prateada é responsável por movimentar 1,7 trilhão de reais por ano. O mercado formado por pessoas com 50+ já abrange 54 milhões de consumidores no país. Já as estimativas indicam que a movimentação financeira da longevidade chegará a R$ 3 trilhões em 2030.
E quando o recorte é de gênero, há uma predominância das mulheres como importante vetor da Economia Prateada. A primeira razão disso é demográfica. Dados demonstram que a expectativa de vida das mulheres é, em média, oito anos maior do que a dos homens, processo chamado de “femininização da velhice”.
O segundo aspecto relaciona-se com o preconceito com a idade, o chamado etarismo. A questão do etarismo atinge ainda mais as mulheres acima dos 50 anos. Elas lutam para desmistificar o estereótipo desta faixa etária nos tempos atuais, de que idade não define capacidade física e intelectual.
De acordo com a pesquisa Elas 45+, da consultoria Eixo, as mulheres com mais de 60 anos de idade já são responsáveis por 20% de todo o consumo nacional. Só no mercado online são 15 bilhões de reais por ano, dado que ajuda a desmistificar a ideia de que os mais velhos não são propensos a compras digitais. Elas têm autonomia financeira, tomam as decisões dentro de casa e têm poder de compra.

As marcas não estão preparadas para esse movimento. “As mulheres de 60 anos de agora estão numa cruzada social. Elas estão inventando uma outra forma de envelhecer, que nada tem a ver com a ideia de mulher descartável, que depois dos 40 anos, como era o caso das nossas avós, saiam do jogo e só eram úteis como cuidadoras. Elas se separam, renovam as carreiras, se juntam em grupos, viajam. E os millennials estão sendo pautados por elas”, afirma.
A percepção de que as mulheres com mais de 60 anos se vêem com mais autenticidade do que aquilo que o imaginário coletivo propaga sobre elas também é sentida pela consultora e mentora em Longevidade, sócia da Beyong Age, Candice Pomi.
“Elas sentem que se doaram demais já. Entregaram muito em seus trabalhos, para a família, marido, então nessa fase da vida não se preocupam tanto com aprovação que vem de fora. Elas estão ainda mais curiosas e produtivas porque percebem que têm muita vida pela frente. As pessoas estão se dando conta de que a vida não é curta. A vida é longa”, afirma Candice, que é também psicóloga.

Mudança na pirâmide etária: Envelhecer para o brasileiro é algo novo. Há uma mudança na pirâmide etária. Por isso, também, o Brasil é um país que cultua a cultura do jovem. As pessoas com 60 anos correspondem, hoje, a 15% da população. Em três décadas esse número vai dobrar. Mesmo assim, elas são muito pouco ouvidas.
Do ponto de vista dos negócios e das empresas, essa é a chave. “Precisamos passar por um processo de reeducação. Tirar a lente do estereótipo, e escutar essas mulheres. Como são suas vidas, o que elas desejam.” O desejo por juventude é outro processo cultural que deve ser repensado. A pesquisa A revolução da longevidade, realizada pela AlmapBBDO, revela que quando os jovens são perguntados sobre o que é envelhecer bem para eles, a resposta é “não parecer velho.” Uma distorção que, como aponta Kika Brandão, a indústria da beleza ajudou a criar, e que agora tem o dever de reparação.
E são muitos os nichos que podem ser explorados, segundo as especialistas: alimentação saudável, moradia, lazer e consumos diversos. Afinal, a mulher com mais de 60 anos toma cerveja, dirige carros grandes e pratica esportes. Elas estão melhores de saúde em relação aos homens nessa mesma faixa etária e querem usufruir da vida.
E ao contrário do que os mais jovens pensam, ou ainda pensam, envelhecer bem, aponta Rita Almeida, responsável pela pesquisa na AlmapBBDO, é praticar exercícios físicos, ter estabilidade financeira, ter amigos e cultivar boas relações e acumular conhecimento. Estão nesses 4 capitais essenciais para um bom envelhecimento as principais oportunidades de negócio. Para isso, é claro, as empresas precisam inovar, aproximar-se dessas pessoas, apostar na intergeracionalidade e se livrar dos estereótipos que já estão para lá de passados.